Um blog em português - e de vez em quando em tétum e em tocodede - sobre os devaneios de um professor e tradutor ilhavense a morar em Timor. Sobre temas timorenses e do Oriente em geral, e sobre outras coisas de vez em quando...
quinta-feira, maio 02, 2013
Pequenas histórias muito simples para crianças muito pequenas
sábado, abril 13, 2013
A nova literatura de Timor-Leste começa a desabrochar
domingo, maio 27, 2012
Uma “cantiga tradicional timorense” vinda da Nova Zelândia
P.S. - [1] Para os portugueses que não entendem, isto é mais ou menos o equivalente a pôr o Alfredo Marceneiro a cantar o fado vestido de pauliteiro de Miranda...
segunda-feira, maio 21, 2012
domingo, maio 20, 2012
domingo, novembro 06, 2011
quarta-feira, outubro 26, 2011
segunda-feira, outubro 24, 2011
Em que século queremos que esteja a mentalidade dos nossos filhos?



Como será a educação das crianças em escolas onde os próprios professores acreditam piamente nestas coisas?
sexta-feira, junho 24, 2011
sábado, janeiro 01, 2011
Milagrário Pessoal

Há livros que leio como se voltasse a casa vindo da escola na minha bicicleta à chuva num dia de Inverno ilhavense e encontrasse a família reunida, o lume aceso no borralho, e uma malga de sopas de broa em café de trote coado e bem quentinho à minha espera. Há livros que falam de coisas de que gostamos e de que apetece dizer "é cá dos nossos". Há livros em que podíamos morar, este para mim é um deles.

segunda-feira, agosto 09, 2010
Que horror!!? Uma estátua de uma mulher nua?
Curioso, fiz uma busca nas imagens do Google, pelas palavras: Shanghai World Expo Timor Leste. A única imagem que encontrei com mulheres (e homens) timorenses em pelote foi esta:

Fiz depois uma busca no Flickr, e encontrei esta fotografia:
東帝汶館 Timor-Leste Pavilion
Talvez a tal estátua polémica seja outra, mas porque é que a nudez faria as pessoas indignas? Seriam desprovidas de dignidade as mulheres timorenses que usavam os seios nus de acordo com a tradição, até há algumas décadas?
sábado, agosto 07, 2010
Livros à vontade do freguês


quinta-feira, julho 22, 2010
A tradução d”O Principezinho” para tétum – andando devagarinho em direcção a uma fonte?
«Moi, (…), si j’avais cinquante-trois minutes à dépenser, je marcherais tout doucement vers une fontaine…» - diz-nos O Principezinho. Todos temos de vez em quando a sorte de fazer viagens em que a caminhada é tão interessante como o destino. Para mim, a tradução de “Le Petit Prince” para tétum foi uma dessas viagens. Tive a ideia de traduzir este livro logo à chegada a Timor, em 2001. Parecia-me uma tragédia mais na vida dos timorenses que não houvesse livros para ler nas suas línguas, e que melhor maneira de começar a resolver esse problema do que com a bela história de Saint-Exupéry? Comecei então a tradução com a Triana Corte-Real de Oliveira, uma jovem timorense que tinha interrompido os estudos de medicina na Indonésia devido aos acontecimentos de 1999. Entretanto falei com o Rui Correia, Presidente de uma ONGD de que eu era membro há anos, a SUL-Associação de Cooperação para o Desenvolvimento, sobre a possibilidade desta ONGD publicar a tradução em tétum. A reacção dele foi de entusiasmo imediato, “O Principezinho” também tinha tocado a sua vida, como a de tantos nós, e começou imediatamente a procurar apoios. Conseguiu resposta positiva de algumas câmaras municipais em Portugal e da Fundação Mário Soares. Entretanto eu lembrei-me da possibilidade de a SUL procurar estabelecer uma parceria para uma edição conjunta com a Timor Aid, uma ONG timorense que era pioneira na publicação de livros em tétum e que já tinha sua própria rede de distribuição, e, feitos os contactos, a Timor Aid concordou. O Rui Correia contactou a Gallimard, que detém os direitos de autor, e conseguiu obter a autorização para a publicação. O processo sofreu um contratempo com a partida para Yogyakarta, para continuar os estudos para médica, da minha co-tradutora. Os trabalhos ficaram parados durante um tempo, e foram depois retomados com uma nova colega de trabalho, a Emília Almeida de Araújo, que está actualmente a terminar um bacharelato em Informática na Universidade Nacional de Timor Lorosa’e. Foi com ela que consegui terminar a tradução. Durante o labor de tradutores, quer na primeira fase quer na segunda, usámos constantemente o texto original em francês, mas sempre comparando com as soluções de tradução de três versões diferentes publicadas por editoras portuguesas, e às vezes com uma tradução em inglês também. No entanto, mesmo após concluída a tradução, contratempos diversos levaram a que o processo tenha demorado ainda algum tempo a chegar ao seu termo. Devo agradecer também os esforços e perseverança durante anos da Rosália Madeira Soares da Timor Aid. Foi uma caminhada longa, mas valeu a pena. O Liurai-Oan Ki’ik chegou finalmente a Timor-Leste e agora anda por aí. Pode ser que um dia destes o seu caminho se cruze com o do amável leitor…
quarta-feira, junho 30, 2010
O Principezinho, agora em tétum

My niece reading the Tetum edition of "Le Petit Prince” (The Little Prince)
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quinta-feira, maio 27, 2010
Praticar Jogo do Pau em Lisboa
sexta-feira, maio 21, 2010
A língua das borboletas em tétum
Parece que já foi publicada a edição bilingue em tétum e português do conto do escritor galego Manuel Rivas "A língua das borboletas", com ilustrações de Miguelanxo Prado. A iniciativa foi da Asociación Luso-Galega de Antropoloxía Aplicada (ALGA).
Ainda não vi o livro cá em Timor, mas aguardo com expectativa a sua distribuição, porque este belíssimo conto faz parte das minhas recordações mais gratas como professor neste país. Durante anos usei a tradução portuguesa nas aulas que leccionava na Universidade Nacional de Timor Lorosa'e, e tive a oportunidade de ver como muitos alunos, cuja infância tinha decorrido durante a ocupação indonésia, se reviam nas angústias, medos e dilemas do pequeno Pardal.
Parabéns à ALGA e ao Ministério da Educação timorense, que pelos vistos vai usar o conto no sistema de ensino nacional.
terça-feira, janeiro 12, 2010
segunda-feira, outubro 26, 2009
O nosso filho Ulisses nasceu a 1h30 da passada sexta-feira, 23 de Outubro, no Hospital Nacional Guido Valadares, com 3Kg e 48 cm. Correu tudo bem.
sexta-feira, setembro 25, 2009
Comecei a ficar branco de repente...
Começou por uma sobrancelha. Deitei-me e estava normal, e quando acordei tinha metade da sobrancelha esquerda completamente branca. O médico diz que é vitiligo. Não dói nem é contagioso.
sábado, setembro 05, 2009
Pré-requisitos peculiares no acesso ao ensino superior em Timor
Incluem:
(…)
10 - Uma declaração do pai/mãe atestando que o candidato não é casado, quer para candidatos masculinos quer femininos, visada pelo padre da paróquia/chefe muçulmano/protestante (para candidatos com a escola secundária);
11 - Uma declaração da candidata atestando que concorda em não engravidar enquanto frequenta o curso de Farmácia, Enfermagem, Parteira, ou Oftalmologia no ICS;
12 – Para candidatos masculinos, tanto com a escola secundária (ciências naturais), como com a escola técnica de enfermagem e staff, uma declaração atestando que não irá engravidar nenhuma mulher, qualquer que seja, enquanto frequenta o curso de Farmácia ou Enfermagem no ICS;
13 – Uma declaração atestando que aceita ser colocado/a para trabalhar em qualquer local de Timor-Leste, de acordo com a decisão que seja tomada pelo Ministério da Saúde;
17 – Uma declaração atestando que aceita devolver o dinheiro gasto [pelo Estado?] com os seus estudos se ao concluir o curso não aceitar ser colocado no local decidido pelas autoridades competentes ou se sair do curso sem terminar os anos previstos no currículo;
18 – Todos os documentos devem ser entregues dentro de uma pasta de cor vermelha para os rapazes e de cor amarela para as raparigas;
C – Regras a seguir aquando da entrega de candidaturas ou pedido de informação:
(…)
32 – Para rapazes, vestir de maneira asseada, e usar calças compridas e sapatos; para raparigas, vestir de maneira asseada, usar sapatos, e é proibido usar mini-saia;
33 – Proibido estar em posse de armas brancas quando se faz o registo no Instituto de Ciências da Saúde de Timor-Leste ou [na delegação] no enclave de Oecússi.


Um outro aspecto peculiar do sistema de ensino timorense é que qualquer moça que engravide enquanto frequenta a escola secundária, seja em escolas privadas seja no ensino público, é imediatamente expulsa da escola.
quinta-feira, julho 16, 2009
Após uma década de apoio à reintrodução da língua portuguesa em Timor

Após uma década de apoio à reintrodução da língua portuguesa em Timor - 3
Originally uploaded by J.P. Esperança
- 1 Dicionário de inglês-indonésio
- 1 Dicionário de indonésio-inglês
- 1 Dicionário de sueco-indonésio
- 2 Dicionários distintos de alemão-indonésio,
- 1 Dicionário de indonésio-alemão
- 1 Dicionário de alemão-indonésio e indonésio-alemão
- 1 Dicionário de italiano-indonésio
- 1 Dicionário de tétum-indonésio e indonésio-tétum (publicado pela Gramedia – que é uma livraria/editora do tipo Fnac na Indonésia - de acordo com as normas oficiais em vigor para o tétum)
- 1 Dicionário de coreano-indonésio e indonésio-coreano
- 1 Dicionário de francês-indonésio e indonésio-francês
- 1 Dicionários de francês-indonésio,
- 1 Dicionário de indonésio-espanhol
- 1 Dicionário de espanhol-indonésio
- diversos dicionários indonésios de termos técnicos de biologia, química, física, medicina, economia, sociologia, política moderna, expressões idiomáticas, etc.
Não existem no mercado dicionários de indonésio-português, nem de português-indonésio, nem dicionários de português-tétum, nem dicionários de tétum(contemporâneo e oficial)-português. Após uma década de projectos de apoio à reintrodução da língua portuguesa em Timor, é impressão minha ou falta aqui alguma coisa?
quinta-feira, julho 02, 2009
RTP Lusofonia
sexta-feira, maio 01, 2009
Baía dos Crocodilos
Entretanto fui conhecendo melhor o Pedro, e viemos até a tornar-nos saudara perguruan. Continuei a admirar o profissional íntegro, sério no seu trabalho, e que não se verga aos interesses instalados, sejam eles de gente importante ou de grupos da bica histéricos e convencidos de que os seus blogs são uma nova Bíblia. Ele deixou Timor há dias a caminho de uma nova colocação, espero vê-lo por cá outra vez qualquer dia. Sentiremos falta do seu jornalismo objectivo. Sou um tipo que ama Timor, mas acredito que o amor cego é doentio, e que é bom ouvirmos de vez em quando umas verdades duras sobre aquilo que amamos, ajuda-nos a manter a cabeça fria e a trabalhar melhor. Ao contrário do que alguns pensam, o Pedro Rosa Mendes é um gajo porreiro, e, melhor do que isso, não é um mercenário nem um turista, como alguns que por cá andam.
domingo, março 29, 2009
quarta-feira, dezembro 24, 2008
Resposta ao JPG
1. O meu texto não é sobre o artigo de Pedro Rosa Mendes (um tipo porreiro, por sinal, além de escritor e jornalista que admiro). Certamente um malai inteligente como você poderia ter compreendido isso. Apenas citei uma frase do texto dele porque vinha a propósito para ilustrar um ponto. Reparou certamente que o exemplo que dei a seguir continua o raciocínio de Pedro Rosa Mendes expresso nessa frase, tal como o seu exemplo sobre os relógios de sol. A verdade é que não se fazem omeletes sem ovos, e o sistema de ensino timorense tem carências muito graves. Isto para além de outros factores, como por exemplo as deficiências ao nível da nutrição nas cruciais fases do desenvolvimento precoce que frequentemente deixam as crianças marcadas para toda a vida.
2. Você diz que:
Nem acho, como "malai", que espetar um ferro no coração de um animal seja um distinto sinal de civilização, de elevação cultural ou sequer de extraordinário "Q.I."
Pessoalmente não sou grande apreciador destas actividades que provocam sofrimento nos animais, embora tenha tido oportunidade ao longo da vida de participar na matança do porco em casa do meu avô aí em Portugal, segurando o animal enquanto lhe espetavam a faca. Os malais também matam animais, como certamente já terá tido ocasião de verificar. Suponho que você também não considera “um distinto sinal de civilização, de elevação cultural ou sequer de extraordinário Q.I.” espetar muitos ferros nas costas de um animal, como se faz na cultura do seu (nosso) país nas touradas, com presença e aplausos das elites culturais da nação, transmissão televisiva e muitos discursos sobre a celebração de uma tradição de séculos.
Sou eu que estou enganado ou haverá um certo tom de sobranceria nesse seu comentário? A civilização ocidental já terá ultrapassado essa fase primitiva de espetar ferros no coração dos búfalos, parece poder ler-se nas entrelinhas. Não se esqueça, por favor, em futuros comentários de comparar também o grau de civilização e de elevação cultural de um povo que alimenta o gado bovino (herbívoro) com carcaças industrialmente transformadas de animais mortos
[http://www.defra.gov.uk/animalh/bse/controls-eradication/causes.html].
3. E continua:
E quem diz matança do búfalo, diz sentido de orientação, diz destreza para a luta corpo-a-corpo ou diz memória genealógica.
Sendo professor terá certamente estudado diferentes teorias da pedagogia e da psicologia, e saberá portanto que há muito boa gente que considera os testes de QI obsoletos. Não me parece que seja preciso eu vir aqui “ensinar o Pai Nosso ao vigário”. Da mesma forma, também deveria saber que as competências da mente humana são plurais, e que é redutor querer pôr tudo no mesmo saco. Howard Gardner tem uma teoria famosa sobre isso. Se você der uma volta aí pelas feiras em Portugal vai certamente ter oportunidade de encontrar ciganos a vender roupa que são muito melhores no cálculo aritmético do que você com todo o seu QI, mesmo que possam não perceber os relógios de sol. Isso não lhes permitirá construir reactores nucleares ou descobrir a cura do cancro, mas permite-lhes fazer outras coisas necessárias ao seu trabalho.
Procurando um bocadinho só na Internet encontrei este excerto que poderá ser útil para o seu esclarecimento:
“As pessoas com altas capacidades ou com talentos excepcionais diferem dos outros indivíduos pelas potencialidades que apresentam e pelo elevado nível de execução e concretização de que são capazes nas suas áreas de interesse. Pode ser uma forma de inteligência que se apresenta bastante desenvolvida e estruturada (por exemplo: a lógica-matemática), uma alta habilidade (por exemplo: para a liderança) ou um talento artístico (por exemplo: a criação musical). Tradicionalmente chamam-se sobredotadas a estas pessoas mas o termo tende a ser substituído por "Indivíduo Portador de Alta Capacidade".” [http://www.academiadesobredotados.com/]
É-lhe assim tão difícil aceitar que grande parte dos timorenses possa ter capacidades mentais superiores às suas em certas áreas, como as da “inteligência visuo-espacial” e da “inteligência socio-interpessoal”?
domingo, dezembro 21, 2008
Os malais têm memória de passarinho
Um texto recente do jornalista/escritor Pedro Rosa Mendes que deu muito que falar mencionava a existência de uma geração de timorenses que “chegou à idade adulta e ao mercado de trabalho sem muitas vezes conhecer conceitos como a lei da gravidade, o fuso horário ou as formas geométricas”. Sorri quando li isto no artigo, recordando os seis anos em que dei aulas na universidade em Timor e as muitas vezes em que expliquei nas aulas conceitos básicos, incluindo exercícios como “Se a estátua do Cristo-Rei fica a oito quilómetros daqui, isso significa uma distância de quantos metros?” ou “Se a altura da Maria é cento e cinquenta centímetros, quantos metros mede a Maria?” (os alunos que fizeram a escola primária no tempo colonial português – mesmo os que revelavam muitas dificuldades nas matérias leccionadas nas diversas cadeiras do curso – não tinham normalmente qualquer dificuldade em responder a isto, bem ao contrário de muitos jovens). Escrevi neste blogue em diversas ocasiões textos sobre a necessidade de preparar programas e currículos pensados a partir da realidade local, e não num qualquer gabinete distante por pessoas que sonham com um público-alvo que não existe. Mas não é disso que quero falar agora. O tema de que me ocupo aqui é a existência de algumas competências que os timorenses têm na sua esmagadora maioria e que deixam atónitos os malais que por cá andam. Uma delas é um refinadíssimo sentido de orientação. Todo o timorense sabe sempre para que lado está o mar e qual é a direcção para as montanhas. Daí que o seu sistema de coordenadas geográficas de uso quotidiano seja diferente do nosso. Enquanto o meu limitado cérebro só consegue computar direcções como ir em frente e virar à esquerda ou à direita, os timorenses dão habitualmente indicações como “sa’e” e “tun” (“subir” e “descer”). Isto é complicado de processar quando vou de motorizada com a minha mulher, seguindo as instruções dela para irmos a casa de alguma amiga, e todos os caminhos possíveis no cruzamento são completamente planos!...
Uma outra capacidade que os timorenses em geral têm extremamente desenvolvida é a memória para genealogias complexas, e para os rostos associados a elas. Vindo do ocidente onde, cada vez mais, família significa a família nuclear com poucas caras, fico com um nó no cérebro de cada vez que tento compreender todos os laços de parentesco da família alargada que algum familiar ou amigo me tenta pacientemente explicar. Uma das primeiras coisas que duas pessoas fazem aqui quando se encontram pela primeira vez é começar a explicar áreas geográficas de origem ou de ramificação das respectivas famílias, posicionando-se assim na complicada teia de parentescos e alianças que ocupa um papel central na forma como os timorenses se vêem no mundo. Tudo coisas demasiado complexas para malais, que têm memória de passarinho.
terça-feira, dezembro 02, 2008
Dizem que e uma especie de virus
Ja estamos recuperados felizmente. Mas parece confirmar a regra que diz que fico doente de cada vez que vou a Portugal...
terça-feira, outubro 14, 2008
Hafoin é que são elas
Prezidente Ramos Horta halo diskursu ida hafoin hatán ba jornalista sira-nia pergunta barak.
O que é que aconteceu primeiro, o discurso ou as respostas às perguntas dos jornalistas? Os velhos falantes de tétum téric não teriam quaisquer dúvidas, ele fez primeiro o discurso. Mas muitos falantes actuais de tétum-praça diriam que o discurso foi só após a sessão de perguntas e respostas. Porquê? É que a palavra “hafoin” parece estar actualmente a passar por um processo de evolução semântica. Da mesma forma que alguns falantes tentam substituir as tradicionais saudações em tétum “bondia” e “bonoite” por “loron di’ak” e “kalan di’ak”, há uma tendência actual para procurar vocábulos autóctones, mesmo que alterando o seu significado. Assim, e de acordo com os falantes de tétum téric que consultei, “hafoin” costumava ser equivalente a “depois é que” ou “depois maka” mas actualmente é também usado com o sentido de “depois de” ou “liutiha/depoizde”.
Ou seja, e de acordo com a acepção mais antiga de “hafoin”:
“Prezidente Ramos Horta halo diskursu ida hafoin hatán ba jornalista sira-nia pergunta barak.”
=
“Prezidente Ramos Horta halo diskursu ida depois hatán ba jornalista sira-nia pergunta barak.”
≠
“Prezidente Ramos Horta halo diskursu ida liutiha hatán ba jornalista sira-nia pergunta barak.” = “Prezidente Ramos Horta halo diskursu ida depoizde hatán ba jornalista sira-nia pergunta barak.”
terça-feira, setembro 02, 2008
quinta-feira, julho 24, 2008
segunda-feira, julho 21, 2008
música heróica chinesa
segunda-feira, julho 07, 2008
Abrandamento ainda
Burmese Days - 1934
George ORWELL – Burmese Days. London, Penguin Books, 2002, pág. 154 [1ªed. 1934]
Nos dias de hoje isto ainda seria verdade? Ou as linhas de separação traçadas pelos poderosos passam agora por outras fronteiras que não a etnia?
Caetano Veloso canta no “Haiti”:
“Ou quase brancos quase pretos de tão pobres…”
E o doutor Daniel da Barca, no belo romance do galego Manuel Rivas “O Lapis do Carpinteiro”, explica-nos:
«O único bo que teñen as fronteiras son os pasos clandestinos. É tremendo o que pode facer unha liña imaxinaria trazada un día no leito por un rei chocho ou debuxada na mesa por poderosos como quen xoga un poker. (…) Pero, por sorte, esta fronteira irá esvaéndose no seu propio absurdo. As fronteiras de verdade son aquelas que manteñen aos pobres apartados do pastel.» [sublinhado meu]
Manuel RIVAS – O lapis do carpinteiro, 6ªed. Vigo (Galiza), Xerais, 1998, p. 12-13
De bacalhoeiros e outros plebeus
«Bem, pois neste filme, Capitães intrépidos, Spencer Tracy fazia de pescador na Terra Nova. (…) E aí entre Spencer Tracy, que no filme se chamava Manuel e era português. Pois bem, esse Manuel, pouco a pouco, vai fazendo o rapaz entrar na razão. Com poucas palavras fá-lo descobrir um mundo desconhecido. O verdadeiro sentido da coragem e do trabalho. Aqueles homens, rudes e sem estudos, reaparecem aos olhos do menino como heróis. Manuel era para ele uma espécie de Ulisses que pescava bacalhau (...)»
Manuel RIVAS – Alma, Maldita Alma. Lisboa, Dom Quixote, 2000, p. 59
sexta-feira, junho 27, 2008
Terra-longe
[Ayu Utami – Saman, cet ke-22. Jakarta, Gramedia, 2003, p. 168 (cet ke-1: 1998)]
É uma sensação estranha estar tão distante dos problemas que durante todo este tempo se tornaram parte da minha vida. Também ainda não me integrei neste ambiente (...). Sinto-me como um peixe fora de água.
[Ayu Utami – Saman, cet ke-22. Jakarta, Gramedia, 2003, p. 168 (1ºed. 1998) – traduzido para português por JP Esperança]
quarta-feira, junho 25, 2008
Surpreendido
Tchuba na bin tchubi
[Manuel Ferreira – Hora di Bai, 2ª ed. Lisboa, Portugália Editora, 1963, p. 253]
«Udan sei mai, tia Venância. Haree to’ok nia la’o hale’u iha ita-nia leten. Malisan rai-maran ne’e sei la dura vida tomak, loos ka lae? No hanoin didi’ak to’ok. Loron ohin la hanesan horisehik no loron aban sei la hanesan ida ohin ne’e. Tia Venância hatene. Iha momentu ida-idak buat sira nakfila an. Aban ita hotu sei iha esperiénsia tan. Se la’ós ba buat seluk pelumenus atu ita hatene domina di’ak liu buat aat no injustisa ne’ebé hanehan ita.»
[Manuel Ferreira – Hora di Bai, 2ª ed. Lisboa, Portugália Editora, 1963, p. 253 – tradusaun ba tetun husi JP Esperança]
Saudades de Aquilino
[Aquilino Ribeiro – O Malhadinhas. Lisboa, Livraria Bertrand, 1958, p. 88 (1ª ed: 1922)]
A mim parece-me que Aquilino Ribeiro deveria ser leitura obrigatória nas aulas de Português Língua Materna das escolas secundárias do nosso país. A bem da nossa língua.

- Qu’est-ce qui se passe ici? Qu’est-ce qui se passe ici? beugla-t-il à deux reprises de sa voix de stentor.
[Aquilino Ribeiro – Les Sentiers du Démon. Paris, Éditions Chandeigne, 2004, p. 89 – traduite par Marie-Noëlle Ciccia & Claude Maffre]

- Saida mak akontese iha-ne’e? Saida mak akontese iha-ne’e? – nia ko’alia maka’as dala rua ho nia lian ne’ebé hanesan rai-tarutu.
[Aquilino Ribeiro – O Malhadinhas. Lisboa, Livraria Bertrand, 1958, p. 88 – tradusaun ba tetun husi JP Esperança]
- Ada apa? Ada apa? – dia berteriak dua kali dengan suaranya yang seperti guntur.
[Aquilino Ribeiro – O Malhadinhas. Lisboa, Livraria Bertrand, 1958, p. 88 – diterjemahkan ke dalam Bahasa Indonesia oleh JP Esperança]
- Heta ke akontese her-kede’e? Heta ke akontese her-kede’e? – ú dale huru kui ru los ú-ni’i bo’a mane mege’es bregas.
[Aquilino Ribeiro – O Malhadinhas. Lisboa, Livraria Bertrand, 1958, p. 88 – tradusaun la tokodede pe JP Esperança los Fernanda Correia]