sábado, setembro 05, 2009

Pré-requisitos peculiares no acesso ao ensino superior em Timor

Estas folhas explicam os pré-requisitos exigidos aos candidatos ao Instituto de Ciências da Saúde, uma instituição pública de ensino superior em Timor-Leste.

Incluem:

(…)
10 - Uma declaração do pai/mãe atestando que o candidato não é casado, quer para candidatos masculinos quer femininos, visada pelo padre da paróquia/chefe muçulmano/protestante (para candidatos com a escola secundária);

11 - Uma declaração da candidata atestando que concorda em não engravidar enquanto frequenta o curso de Farmácia, Enfermagem, Parteira, ou Oftalmologia no ICS;

12 – Para candidatos masculinos, tanto com a escola secundária (ciências naturais), como com a escola técnica de enfermagem e staff, uma declaração atestando que não irá engravidar nenhuma mulher, qualquer que seja, enquanto frequenta o curso de Farmácia ou Enfermagem no ICS;

13 – Uma declaração atestando que aceita ser colocado/a para trabalhar em qualquer local de Timor-Leste, de acordo com a decisão que seja tomada pelo Ministério da Saúde;

17 – Uma declaração atestando que aceita devolver o dinheiro gasto [pelo Estado?] com os seus estudos se ao concluir o curso não aceitar ser colocado no local decidido pelas autoridades competentes ou se sair do curso sem terminar os anos previstos no currículo;

18 – Todos os documentos devem ser entregues dentro de uma pasta de cor vermelha para os rapazes e de cor amarela para as raparigas;

C – Regras a seguir aquando da entrega de candidaturas ou pedido de informação:

(…)
32 – Para rapazes, vestir de maneira asseada, e usar calças compridas e sapatos; para raparigas, vestir de maneira asseada, usar sapatos, e é proibido usar mini-saia;

33 – Proibido estar em posse de armas brancas quando se faz o registo no Instituto de Ciências da Saúde de Timor-Leste ou [na delegação] no enclave de Oecússi.



Um outro aspecto peculiar do sistema de ensino timorense é que qualquer moça que engravide enquanto frequenta a escola secundária, seja em escolas privadas seja no ensino público, é imediatamente expulsa da escola.

3 comentários:

Anónimo disse...

Que absurdo!!!!!

Anónimo disse...

Apesar de achar ser um tanto retrogrado, posso entender que em Timor, com uma taxa de natalidade tao elevada, as oportunidades de formacao academica sao escassas e a necessidade de quadros formados demasiado grande para se 'esbanjar' com jovens que nao estejam prontos a esforcarem-se em manter a condicoes minimas que os permitam concluir o curso.

A gravidez, apesar de ja nao ser, em grande parte, um obstaculo para o acabamento de um curso academico em paises mais avancados (ja la vao o tempo em que era esse o caso), em Timor actual seria um serio impedimento, tanto para a moca gravida como para o moco que a engravidou.

Tudo devido as precariedades da vida para a maioria em Timor.

E' somente uma opiniao minha. Talvez haja quem discorde. Gostaria de ouvir outras opinioes contrarias.

Patrícia M. Cunha disse...

Nem sei bem o que dizer. É lamentável, no mínimo.
É necessário garantir apoios e protecção à família e, principalmente, à maternidade.
Quem é que lhe garante, caro Anónimo, que um pai, ou uma mãe tem menos condições para concluir com secesso um curso superior que um rapaz ou rapariga sem filhos?
Como diz, se há grande necessidade de quadros formados, este não é o caminho.