quarta-feira, maio 07, 2008

Fundamentalistas?

Ao longo dos anos em que fui activista da causa timorense e durante o tempo em que morei em Timor era comum ouvir portugueses falarem da Indonésia como se fosse um bicho papão muçulmano monolítico e fundamentalista. Na verdade, a Indonésia é um país extraordinariamente complexo, cheio de diversidade, onde forças modernizadoras e conservadoras coexistem às vezes em harmonia e outras vezes em choque. E falar em conservadores na maior parte das regiões do país não é de maneira nenhuma sinónimo de falar em fundamentalistas muçulmanos – o islamismo indonésio é tradicionalmente tolerante e moldou-se à cultura pré-islâmica local (talvez na senda de Sunan Kalijaga, apontado como o mais sincrético dos Wali Songo). Muitos indonésios ficam ofendidos em serem comparados com certas sociedades do Médio Oriente que não deixam as mulheres conduzirem carros e coisas do género, e pedem que não confundamos a religião muçulmana com as tradições dos povos de língua árabe.
Um assunto que une, no entanto, os conservadores de diversas correntes é a condenação das novas tendências da música dangdut. A maior parte dos indonésios parece não ligar a essas opiniões. Extremamente popular como entretenimento de massas, com concertos a que assistem às vezes milhares de pessoas (a maior parte homens, mas não apenas), o dangdut tem vindo a tornar-se cada vez mais sexualizado, com as intérpretes a executarem movimentos cada vez mais explícitos. Que eu saiba a pioneira desta abordagem mais radical foi Inul Daratista, há uns anos atrás, quando eu estava em Timor ainda há pouco tempo (e lá vendem-se muitos VCDs da Inul...), mas agora há uma verdadeira legião de seguidoras. Assisti uma vez a um concerto de rua na Jalan Malioboro, em Yogyakarta, em que algumas adolescentes tentavam também fazer uma aproximação a este estilo. A jovem Mela Anjani é a bonita cantora do vídeo abaixo:




4 comentários:

Unknown disse...

aoresentei uma sugestão muito obrigado pela maneira como leu e a resposta que não foi nenhuma ....Luis Marques

João Paulo Esperança disse...

Parece-me que seria interessante para o navegador solitário português ir a Timor, e ver que Timor não está tão mal como o pintam.
Infelizmente, a minha contribuição para isso não pode ser muita. Estou neste momento com um projecto entre mãos que me ocupa o tempo todo, pelo que não posso ter o papel activo que me pede nessa campanha. Aliás, já deve ter reparado que nos últimos tempos as únicas coisas que tenho posto no blogue são vídeos do Youtube que já faziam parte das minhas listas de favoritos - isso porque não tenho tempo para andar a escrever os meus próprios textos.
Mas boa sorte para ele na sua viagem...

Unknown disse...

ok tudo bom senhor joão paulo...agora estou mais satisfeito...o navegador solitario.Genuino madruga mais o seu barco Hemingwei,esta navegando na direcção de ilhas fijji.Aos sabados s quzer ouvir Genuino Madruga em reportagem atravez de radio lumena dos açores.a partir das 11 horas de AÇORES www.radiolumena.com .Não se vai arrepender de perder uma hora do seu tempo.Faço votos para o sucesso de seu projeto um obrigado pla sua atenção.sou um katuas portugues que esteve em timor nos anos de 1964 a 1966... eu estava em timor ita seidauk moris karik .. espero que sua esposa goste da estadia em portugal e dos nossos costumes - luis marques na costa da caparica

Anónimo disse...

Meu caro João.
Diak ka lae ? Ita nia familia hotu diak ? Venho informar-te da conferência sobre o "Islão na Indonésia" pelo Prof. Claude Guillot, dia 17 às 15h na Biblioteca João Paulo II da U.Católica em Lisboa.
Abraços
Augusto Lança