sexta-feira, novembro 30, 2007

Non ho l'età

Luís CARDOSO, – Crónica de uma travessia – A época do ai-dik-funam. Lisboa, Publicações Dom Quixote, 1997, pág. 57





"Semanalmente, interrompia o estudo, vinha com um gramofone e muitos discos de música clássica e de poesia de Fernando Pessoa dita por João Villaret, entusiasmando-me a declamar poemas, imitando a sua voz grossa e quente: «O Menino da Sua Mãe». E como não podia deixar de ser, alguns fados, viras e corridinhos terminando naturalmente com algumas canções da Eurovisão. Mas era a belíssima canção Non ho l'età, cantada por uma italiana, que eu imaginava ser também bela como a Nossa Senhora, que nos partia os corações com aquela voz melodiosa. E o padre Júlio confirmava que sim: Non ho l'età!"










Luís CARDOSOUne île au loin. Paris, Éditions Métailiè, 2000, p. 54-55 (Tradução de Jacques Parsi)






"Chaque semaine, il interrompait l'étude, venait avec un gramophone et beaucoup de disques de musique classique et de poésies de Fernando Pessoa dites par João Villaret, ce qui provoquait mon enthousiasme au point de déclamer des poèmes en imitant sa grosse voix chaude: «L'Enfant de sa mère». Et, comme il fallait s'y attendre, des fados, des viras et des corridinhos, avec naturellement pour finir quelques chansons de l'Eurovision. Mais c'était la très belle chanson Non ho l'étà, chantée par une Italienne, que j'imaginais belle comme la Vierge Marie, qui nous brisait le coeur avec sa voix mélodieuse. Et le père Júlio nous confirmait que oui: Non ho l'età!



Luís CARDOSOThe Crossing - A Story of East Timor. London, Granta Books, 2000, p. 49-50 (Tradução de Margaret Jull Costa)




«Every week, he would bring his gramophone along and interrupt our studies with records of classical music and the poetry of Fernando Pessoa read by João Villaret, inspiring me to declaim poems too, imitating his warm, full voice: O menino da sua mãe, 'His mother's little boy'. And there were the inevitable fados and traditional dance tunes, followed, naturally enough, by songs from the Eurovision song contest. But most wonderful of all was Non ho l'età sung by a young Italian woman, whom I imagined to be as beautiful as Our Lady, and who broke our hearts with her sweet voice. And Father Júlio agreed: Non ho l'età - 'I'm too young for love!'»



Luís CARDOSOUn’isola, lontano. In viaggio a Timor Est. Milano, Feltrinelli, 2002, p. 40 (Tradução de Pietro Scòzzari)


"Una volta alla settimana interrompeva lo studio e arrivava in classe con un grammofono e molti dischi di musica classica, oltre a quelli che recavano incise le poesie di Fernando Pessoa recitate da João Villaret. Tutto ciò mi entusiasmava tanto da arrivare a declamare, io stesso, imitando la sua voce profonda e calda: “O Menino da Sua Mãe. E poi non potevano mancare alcuni fados, viras e corridinho, per terminare, naturalmente, con qualche canzone dell’Eurovision. Ma era la bellissima canzone Non ho l'étà, cantata da un’italiena che immaginavo bella come la Madonna, che ci trafiggeva il cuore con quella voce melodiosa. E padre Giulio confermava: Non ho l'età!

domingo, novembro 11, 2007

Uma arte marcial portuguesa

O jogo do pau é um antigo sistema tradicional de combate português. Neste vídeo pode ver algumas das suas técnicas básicas, executadas primeiro lentamente em direcção ao alvo e depois com velocidade e defendidas pelo oponente.




Se estiver interessado/a em praticar ou apenas experimentar pode dirigir-se ao Ateneu Comercial Português, na Rua das Portas de Santo Antão, em Lisboa, ao lado do Coliseu (Metro: Restauradores ou Rossio). No Ateneu o jogo do pau é praticado há mais de um século, e esta foi também a escola do grande Mestre Ferreira, hoje sob orientação do seu sucessor Mestre Monteiro.

Pode ir praticar lá que será benvindo/a. E ainda por cima é barato!

quinta-feira, novembro 08, 2007

música para a alma

De Timor para o mundo

Há um mês e pouco houve em Timor um concerto da cantora Sandra Pires. Nascida em Díli em 1969, morou em Portugal com os avós, e aos treze anos foi viver para a Austrália, para onde os pais tinham fugido devido à guerra civil em Timor-Leste. Começou aí a sua carreira artística, e veio a consolidá-la na Áustria. Neste pequeno filme do youtube podemos vê-la numa actuação no estádio de Díli e apreciar a sua bonita voz, cantando em tétum. Os risos do público são devidos a alguns erros no tétum dela (ha'u hakura em vez de ha'u haruka, e outros do tipo...).


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terça-feira, novembro 06, 2007

China Timor

Novidades no blog

Acrescentei um sitemeter, um tradutor automático Babel Fish, e uma coisa que permite ver as caras dos leitores que estejam registados no Mybloglog...
As traduções para inglês do Babel Fish são divertidas...

sábado, novembro 03, 2007

Humor filipino

Tenho andado a dar uma olhada por vários blogues das Filipinas para ver que línguas usam (ou de que forma inserem frases em tagalog no meio de texto em inglês - code-switching). Neste blogue encontrei uma série de anedotas sobre estudantes universitários filipinos. Parece que há uma grande rivalidade entre as várias universidades por lá...

sexta-feira, novembro 02, 2007

A língua portuguesa na Guiné-Bissau

Andei a ver os comentários que foram feitos a alguns textos que escrevi sobre o português em Timor. Fiquei curioso por encontrar quem argumentasse contra a utilização do tétum como apoio para o ensino do português invocando a experiência dos PALOP. É que são contextos bem diferentes. Os países independentes que surgiram nas antigas colónias portuguesas em África continuaram a usar o português como língua oficial, da administração, da escola, e não passaram por um interregno de 24 anos de ocupação estrangeira e utilização de uma outra língua oficial. No caso de Angola, por exemplo, a independência veio até a favorecer o uso do português, devido à guerra civil e ao problema dos deslocados e migração para meio urbano, e consequente destruição das redes sociais tradicionais onde se usavam exclusivamente as línguas bantas. Há agora uma maior percentagem de angolanos a ter o português como língua materna do que alguma vez houve durante a época colonial. Por outro lado, neste país, como em Moçambique, ainda que haja muita gente que fala um português rudimentar, é normal que esse seja o idioma utilizado quando pessoas de etnias diferentes se querem entender umas com as outras; em Timor é o tétum que cumpre este papel.
Os indonésios promoveram a massificação do ensino, num país de crianças e jovens. Em indonésio.
E para além de tudo isto o tétum é também língua oficial ao lado do português. Não parece evidente que a metodologia do ensino da língua portuguesa em Timor tem que ser diferente?

Mas para perceber melhor o que se passa nos PALOP será bom também olhar para a Guiné-Bissau. Este texto de Fanca Sani é elucidativo: