sábado, janeiro 01, 2011

Milagrário Pessoal

Esta noite li o "Milagrário Pessoal" de José Eduardo Agualusa. Foi durante as primeiras horas do ano, a família já adormecida, tendo como banda sonora a respiração tranquila da minha mulher e dos meus filhos, um presente a mim mesmo em tempos de muitos afazeres em que a leitura de um livro de uma ponta à outra sem parar - prazer antigo da adolescência - se tornou um luxo para ocasiões especiais.
Há livros que leio como se voltasse a casa vindo da escola na minha bicicleta à chuva num dia de Inverno ilhavense e encontrasse a família reunida, o lume aceso no borralho, e uma malga de sopas de broa em café de trote coado e bem quentinho à minha espera. Há livros que falam de coisas de que gostamos e de que apetece dizer "é cá dos nossos". Há livros em que podíamos morar, este para mim é um deles.


2 comentários:

Ricardo Antunes disse...

Caro João.
Um bom ano, para ti e para a família.
Realmente, à medida que crescemos, vamos perdendo o direito a certos luxos pessoais.. Ainda bem que são substituidos por outros, como esse de ver a família a dormir sossegada.

Um abraço da família Antunes.

Rogério Guimarães disse...

Meu Deus JPTE!
Parece ontem que te vi a pedalar na tua bicicleta preta, tipo pasteleira (provavelmente modelo Yé-Yé tipo Luxo), casaca preta e mochila azul ás costas, a pedalar a toda a bolina, num fim de tarde cinzento. De Aveiro para Ílhavo e para a Carvalheira. Ou no sentido inverso. Imparável. Imparável também o tempo.
"Quanto tempo demoraste a ler o "Shogun"" perguntei-te uma vez, quando mo emprestaste. "Dois dias.", respondeste. Fiquei de boca aberta,claro! Agora penso que se calhar... não devia ter aprendido esse prazer contigo... pois o tempo é escasso.
Um bom ano para ti e para a tua família.