Uma bola de pano, num charco
Um sorriso traquina, um chuto
Na ladeira a correr, um arco
O céu no olhar, dum puto.
Uma fisga que atira a esperança
Uma fisga que atira a esperança
Um pardal de calções, astuto
E a força de ser criança
Contra a força dum chui, que é bruto.
Parecem bandos de pardais à solta
Parecem bandos de pardais à solta
Os putos, os putos
São como índios, capitães da malta
Os putos, os putos
Mas quando a tarde cai
Vai-se a revolta
Sentam-se ao colo do pai
É a ternura que volta
E ouvem-no a falar do homem novo
São os putos deste povo
A aprenderem a ser homens.
As caricas brilhando na mão
As caricas brilhando na mão
A vontade que salta ao eixo
Um puto que diz que não
Se a porrada vier não deixo
Um berlinde abafado na escola
Um berlinde abafado na escola
Um pião na algibeira sem cor
Um puto que pede esmola
Porque a fome lhe abafa a dor.
Ary dos Santos
Ary dos Santos
[encontrei o poema nos Poemas do Mundo, e o bonito fado interpretado por Carlos do Carmo no Imeem (só dá para ouvir uma parte, terá que fazer login para ter acesso à canção inteira)]
1 comentário:
Ola JP. Encontrei isto no Correio da Manha.
Achei engracado porque isto eh o que andaste a dizer durante anos e ninguem te ligava. A brigada do reumatico la de Lisboa prefere tentar agarrar-se ao poder do que fazer alguma coisa. E quando aparece alguem que faz elas tentam-lhe cortar as pernas.
Temos que ver quando nos encontramos, aqui ou ai. Ainda nem vi o teu puto.
A.
Polémica: Falta de coordenação denunciada
Ministro critica capelinhas no Governo
Luís Amado, ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, denunciou ontem a "política de capelinhas" em todos os ministérios, incluindo o seu, que dificulta a coordenação ministerial. O ministro defendeu uma maior coordenação entre os membros do Governo, com especial urgência na Cultura e na Economia, áreas-chave na defesa dos interesses de Portugal no Mundo.
Luís Amado falou mesmo numa "política de preservação do poder" que condiciona decisivamente a acção externa do País.
O ministro foi incisivo, salientando de forma surpreendente que a maior dificuldade sentida por quem exerce funções governamentais está na relação com outros ministros e só depois com a Comunicação Social ou com a Oposição.
As declarações foram feitas num almoço-debate sobre a política externa portuguesa, em que o titular da pasta dos Negócios Estrangeiros fez críticas a propósito das dificuldades que sente na "melhor promoção dos interesses económicos" e na "maior valorização do papel da cultura e da língua portuguesa".
"É um desperdício termos uma máquina política e diplomática que não se foca nestas áreas [...]. É inaceitável que o potencial destes recursos não seja mobilizado [...]. A política de capela isola-nos", considerou.
Luís Amado revelou que a Assembleia da República deveria "acompanhar mais directamente a política externa do País e anunciou que o Governo vai apresentar brevemente uma proposta para que os embaixadores de Portugal passem a ser ouvidos em audiência pelo Parlamento antes de seguirem pa-ra os postos diplomáticos. Amado afirmou ainda esperar que a presidência portuguesa da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP) e a cimeira que se vai realizar em Portugal "marquem um virar da página" na promoção e no enquadramento estratégico da língua portuguesa.
O ministro esteve recentemente com Cavaco Silva em Moçambique, uma oportunidade para o reforço dos laços com este país lusófono. O acordo ortográfico foi um dos pontos em cima da mesa.
Os ministérios da Cultura e da Economia, tutelados respectivamente por José Pinto Ribeiro e Manuel Pinho, contactados pelo CM, optaram por não comentar as declarações de Luís Amado.
André VicenteCOMENTARLER COMENTÁRIOSENVIARIMPRIMIR
Enviar um comentário